Quatro em cada dez municípios do país sofrem com enchentes.

As enchentes são uma realidade próxima para quatro em cada dez municípios brasileiros. Segundo o Instituto Brasi­­leiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2,3 mil cidades brasileiras foram atingidas por inundações entre 2003 e 2008, período de análise da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. O levantamento foi divulgado no ano passado, mas ontem o IBGE apresentou um detalhamento desses dados, com a distribuição geolocalizada das ocorrências. No Paraná, 137 municípios foram afetados por alagamentos, o equivalente a 34% das localidades do estado. Para o capitão Romero Nunes da Silva Filho, chefe do setor operacional da Defesa Civil do Paraná, a relação entre as enchentes e as características urbanas das cidades é imediata. “As ocupações irregulares são o principal problema. Mui­tas vezes as residências são construídas em regiões de encosta e baixio, onde não há estudos mostrando a característica do terreno.” O capitão ressalta ainda que existem cidades que se desenvolvem em lugares propícios a alagamentos por causas naturais. “Em regiões litorâneas, por exemplo, coincide de a chuva ocorrer junto com a maré alta, atrasando o escoamento da água para o mar. É o que ocorre em Guaratuba [litoral do Paraná], por exemplo”, cita. Sobre o descarte inadequado de lixo, Renato Eugenio de Lima, coordenador do Centro de Apoio Científico em Desastres da Universidade Federal do Paraná (Cenacid-UFPR), avalia que o lixo por si só gera alagamentos isolados. Ele chama a atenção para o fato de as cidades se tornarem cada vez mais “cimentadas”, com pouco espaço para escoamento da água. “A impermeabilização dos aglomerados urbanos é uma tendência. Então a inundação se torna mais rápida e frequente”, relaciona. Erosão Outro risco apontado na pesquisa do IBGE é a erosão do solo. Segundo o levantamento, 26% das cidades brasileiras apresentam o problema. No Paraná, a proporção é de 31%. O sistema inadequado de drenagem urbana (em 48% das cidades), as condições geológicas favoráveis (também 48%) e a ocupação desordenada do solo (46%) são apontados como os principais causadores do empobrecimento do solo. Lima também relaciona a erosão a um aumento da probabilidade de enchente. “A medida em que o solo vai erodindo, carrega sedimentos para o rio. Com isso, as margens vão assoreando e o rio perde espaço para captar a água da chuva”, explica. No Paraná, as regiões mais suscetíveis à erosão são o Norte e o Noroeste. “O tipo de rocha presente naquela parte do estado é mais espessa e tem uma facilidade maior de ser modificado pela ação da água.” Segundo o IBGE, os principais fatores que ocasionam o problema estão relacionados à interferência humana. Em quase metade das cidades afetadas (45%), a obstrução de bueiros, bocas de lobo e saídas de água foi apontada como uma das causas mais comuns de enchentes. Em seguida, aparecem a ocupação intensa e desordenada do solo (43%) e o dimensionamento inadequado de projetos e galerias (36,5%). No Paraná, o padrão é semelhante. Fonte: Site; Jornal Gazeta do Povo; (20/11/2011).