Definição da tarifa de ônibus passa por ‘poucas mãos’ em Curitiba

O Tribunal de Contas do Paraná suspendeu – em decisão derrubada na Justiça pela prefeitura -- o reajuste da tarifa de Curitiba na semana retrasada. Entre outros motivos, a corte havia alegado “falta de transparência na divulgação dos motivos para o aumento”. Um dia depois, Greca apresentou no Facebook uma planilha com a divisão dos custos, mas sem compará-los com os do ano anterior. Mas com planilha ou sem planilha, uma coisa é certa: quando comparada com outras cidades brasileiras, Curitiba tem menos setores da sociedade discutindo permanentemente o assunto.

Pela lógica, a tarifa do passageiro de Curitiba deveria ser definida depois da tarifa técnica, aquela que é repassada às empresas de ônibus por passageiro transportado. Neste ano, Greca aumentou o preço da catraca antes dos reajustes dos insumos previstos em contrato. E o decreto se baseou em estudos conduzidos pela Urbs. Empresários do setor em Curitiba não participam da discussão da tarifa do passageiro porque eles são remunerados pela tarifa técnica. Mas, obviamente, uma é puxada pela outra

Desde a assinatura do contrato de concessão, a participação da sociedade civil na definição da tarifa de Curitiba ficou restrita ou aos protestos de rua ou a intervenções pontuais. Em 2013, ano dos protestos populares contra a alta na tarifa, membros do Ministério Público, da Câmara Municipal de Curitiba, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) puderam participar de uma Comissão de Análise da Tarifa criada por Fruet. Essa comissão teve duração de 90 dias. Naquele ano, também foram realizadas audiências públicas para discutir o tema.

A atual gestão, porém, não parece muito afeita a esse tipo de estratégia. Ementrevista recente à Gazeta do Povo, José Antônio Andreguetto, presidente da Urbs, afirmou que a atual equipe estava ali para “gerenciar, não para ficar brincando e fazendo demagogia”. A resposta foi dada à repórter Antoniele Luciano após ela perguntar se não seria o caso de a prefeitura ter realizado audiências públicas para definir o valor do reajuste tarifário do ônibus.