Medidas do Ministério da Justiça ameaçam Lava Jato, diz procurador

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba está preocupada com as medidas adotadas pelo governo federal para conter o caos no sistema penitenciário que se instalou com maior intensidade desde a chacina em um presídio de Manaus na semana passada.

Pelas redes sociais, o coordenador do grupo, procurador Deltan Dallagnol, afirmou que a medida de colocar em liberdade os presos provisórios que não tenham cometido crimes com violência ou grave ameaça pode resultar na liberdade de todos os presos da operação, em Curitiba.

“Medida anunciada por Ministro da Justiça pode colocar os presos da Lava Jato em liberdade. Todos!”, diz Dallagnol, ao compartilhar um texto de autoria do promotor do Ministério Público do Paraná (MP-PR) Rodrigo Chemim.

Na publicação, Chemim afirma que o ex-ministro Antônio Palocci, preso na Lava Jato, “deve estar exultante” com a medida. “Cunha também. E tantos outros vereadores, deputados, prefeitos”, afirma o promotor na publicação.

“O critério ‘crime não violento e sem grave ameaça’ é um critério que esconde uma criminalidade tão danosa quanto, se não mais até, que são os crimes do colarinho branco”, disse Chemim em entrevista à Gazeta do Povo nesta terça-feira (10).

“São os crimes justamente daqueles que gerenciam a coisa pública e que são muitas vezes responsáveis pelo caos do sistema penitenciário por conta das práticas de corrupção, de licitações fraudulentas, peculato e desvios de verba, um dinheiro que poderia ser utilizado para resolver o problema da superpopulação carcerário, da saúde pública, da educação. É um dinheiro que falta e se esvai pelos escaninhos da corrupção”, completa o promotor.