Frigoríficos investigados vendiam carne vencida no Brasil e no exterior

Carne com salmonela até misturas com papelão foram identificadas pela Polícia Federal nas investigações da Operação Carne Fraca. Conforme o delegado responsável pelo caso, Maurício Moscardi Grillo, em todas as 40 empresas investigadas foram identificadas irregularidades das mais variadas. Em um dos casos, foi constatada a venda de produtos sem proteínas de carne, apenas de soja, para a merenda de escolas do Paraná.

“Hoje é realmente complicado, depois da investigação (em andamento desde o início de 2015), eu entro no mercado e fico passeando antes de comprar um produto. Realmente é de se assustar “, resumiu o delegado.
Um dos casos mais graves descritos por Moscardi envolve sete contêineres de carnes contaminadas com salmonela, do Grupo BRF, que estavam sendo transportadas para a Europa, mas acabaram barradas nos países. Segundo o delegado, a empresa estava tentando explorar uma nova rota de entrada no continente por Roterdã para fugir da fiscalização. A destinação final dos produtos exportados era principalmente Espanha e Itália.

Gravações telefônicas obtidas pela Polícia Federal apontam que vários frigoríficos do país vendiam carne estragada tanto no mercado externo, quanto para exportação. Diretores e donos das empresas estariam envolvidos diretamente nas fraudes, que contavam com a ajuda de servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Paraná, Goiás e Minas Gerais.

As gravações foram divulgadas após a deflagração da Operação Carne Fraca, nesta sexta-feira (17). Nelas, segundo a PF, é possível identificar as práticas ilegais cometidas pelas empresas. Entre produtos químicos e produtos fora da validade, há casos ainda mais "curiosos", como a inserção de papelão em lotes de frango.

O caso envolve grandes empresas, como a BRF e a JBS, mas também frigoríficos menores, como o Peccin, do Paraná. Em um dos áudios gravados com autorização judicial, um dos donos da empresa, Idair Antônio Piccin, conversa com a mulher dele, Nair Klein Piccin, sobre o uso de carne proibida em lotes de linguiça. Os dois tiveram pedidos de prisão preventiva decretada pela Justiça.