Codapar vai incorporar a Claspar em 2012.
A incorporação da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) pela Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) se tornou ponto pacífico na última semana, com aval de todos os agentes envolvidos, inclusive do sindicato dos servidores. A avaliação geral é que as duas empresas não acompanharam a evolução do agronegócio e precisam de uma injeção de ânimo, com reformulação de suas estruturas e novos projetos. “As duas empresas tiveram importante atuação nas décadas de 70 e 80, mas perderam presença. E hoje o Paraná precisa de melhores serviços, estradas rurais mais bem estruturadas e conservadas. Vamos renovar o quadro de funcionários, ganhar ousadia”, afirma o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara. Ele defende que é possível, sim, gastar menos e fazer mais. A criação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV) direcionado aos aposentados vem sendo bem aceita pelo sindicato que representa os servidores das duas empresas, o Sindaspp. “O projeto é interessante, vai unificar os serviços e terá um novo plano de cargos e salários. Ainda não discutimos detalhes, mas esperamos novas contratações, sem redução do piso salarial”, afirma Ivo Petry, coordenador geral do Sindaspp. Como são celetistas, os aposentados optam por continuar trabalhando na Codapar e na Claspar para não terem suas remunerações reduzidas ao teto pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – R$ 3,6 mil. O PDV deverá oferecer compensações para quem, enfim, aceitar esse limite. Há classificadores de sementes que não conseguem mais subir em caminhões, relatam os diretores das empresas. Eles assumem a posição de defensores da renovação. “Estou entre os mais novos aqui”, afirma rindo o presidente da Claspar, Carlos Alberto Scotti, pesquisador aposentado do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). “Precisamos de um choque de gestão”, defende. A nova empresa terá um único presidente. A princípio, a ideia era de fusão. As reuniões da última semana, no entanto, apontam que a saída será a incorporação da Claspar, 100% pública, pela Codapar, que é de economia mista. O estado é acionista majoritário na companhia, com 90% de participação, e deve comandar também a nova instituição, que ainda não tem nome definido. Esse processo de união, a extinção ou a criação de novos departamentos, a reestruturação dos serviços, tudo depende agora de um grupo de consultores do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A expectativa é que o plano saia em seis meses e seja implantado em um ano. “Vamos conhecer a nova formatação no próximo semestre, mas trabalharemos paralelamente na incorporação”, prevê o diretor de Administração e Finanças da Codapar, Sinval Tadeu Amaral Reis. Ele afirma que os serviços devem ser mantidos e os contratos atuais, honrados. Existe possibilidade de ampliação de serviços. A nova empresa deverá atuar em sintonia com os projetos do governo do estado, conforme o secretário da Agricultura. Uma das metas é recuperar as estradas rurais. “Temos 200 mil quilômetros de estradas, de responsabilidade compartilhada com os municípios, que precisam de recuperação.” Além disso, a intenção é tornar a estrutura lucrativa. “Há quatro anos, a Claspar não consegue cobrir a folha de pagamento”, aponta Ortigara. Renovação Mudança promete mais investimentos A Codapar tem previsão de faturamento de R$ 30 milhões para 2012 e expectativa de lucro, apesar de não ter recebido os investimentos que merecia na última década, avalia o diretor de Administração e Finanças da empresa, Sinval Tadeu Amaral Reis. Ele acredita que a incorporação da Claspar vai encerrar esse período, que fez o parque de máquinas perder competitividade na prestação de serviços como a abertura de estradas rurais. A empresa precisa modernizar também sua estrutura de armazenagem, considera. O governo do estado vem se manifestando a favor ainda de investimentos no terminal de embarque que a Codapar possui no Porto de Paranaguá. Diferente da Claspar, que pertence 100% ao governo do estado, a Codapar é de economia mista. “São 90% do estado e o restante de acionistas (como o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, BRDE), que estão acompanhando as discussões e, como a proposta é ampliar os investimentos e negócios, mostram-se favoráveis ao projeto”, diz Reis. Ele ressalva, no entanto, que nada ainda é definitivo e que tudo vai depender do plano de incorporação, que deve ficar pronto dentro de seis meses. O desafio será reduzir despesas e, ao mesmo tempo, modernizar armazéns, laboratórios e maquinários. Contratar mais servidores e baratear a folha de pagamento. Criar um plano de demissão voluntária para os aposentados – 23% dos 484 servidores das duas empresas se aposentaram e continuam trabalhando – sem descartar o conhecimento e a experiência acumulados pelos especialistas. Fonte: Site; Jornal Gazeta do Povo, (20/12/2011).