Vice presidente da UGT coloca a saúde da mulher em pauta na Câmara dos Deputados.
A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, por meio do requerimento do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), vice-presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), colocará a endometriose, também conhecida como a doença da mulher moderna, na pauta de discussões da Casa. Durante audiência pública, agendada para o dia 13 de junho, um grupo de médicos especialistas no assunto promoverá um amplo debate sobre os diagnósticos e tratamentos da doença no Brasil. O requerimento foi aprovado hoje (22) pela manhã. De acordo com Roberto de Lucena, o principal objetivo da audiência pública, além de ajudar na divulgação dos sintomas e melhor conhecimento da endometriose, será construir, juntamente com os especialistas no assunto e o poder público, uma política de saúde pública eficiente e resolutiva para tratar desta doença que atinge milhões de brasileiras. “Não é mais possível não debater a endometriose no Brasil. Essa doença está maltratando nossas adolescentes, causando a infertilidade e afastando as brasileiras do mercado de trabalho”, lamenta o deputado. Para o ginecologista e obstetra Mauricio Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), é preciso melhorar a qualidade de vida das mulheres com endometriose, por meio da conscientização da sociedade como um todo. “Além disso, precisamos disseminar o conhecimento científico relacionado à doença e criar e aprofundar a interface com órgãos governamentais como o Ministério da Saúde e outras entidades ligadas à saúde da mulher”, destaca. Na medicina, a endometriose é definida como a presença, fora do útero, de tecido semelhante ao endométrio, causando uma reação crônica e inflamatória e está associada à dor, subfertilidade e qualidade de vida prejudicada. Essa condição é encontrada, principalmente, em mulheres em idade reprodutiva, de todos os grupos étnicos e sociais. A doença é responsável por 40% dos casos de infertilidade no Brasil, mas apenas um terço das brasileiras associa a endometriose à dificuldade de engravidar, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva. O levantamento, feito com cinco mil mulheres com mais de 18 anos, no país, revelou ainda que 88% não sabem como tratar o problema e que 55% não sabem sequer o que é a doença. No Brasil, cerca de 6 milhões de mulheres têm endometriose. O diagnóstico, no entanto, costuma ocorrer por volta dos 30 anos, por ser uma doença que apresenta diferentes sintomas ou até assintomática. De acordo com vários estudos, a endometriose acomete mulheres a partir da primeira menstruação e pode se estender até a última. “Infelizmente, o diagnóstico não costuma ser tão rápido por falta de informação e acesso aos serviços de saúde, o que se torna um problema para as mulheres.”, lamenta o ginecologista. Dados da SBE revelam, ainda, que as pacientes apresentam diminuição da qualidade de vida e redução de suas atividades, gerando problemas psicossociais, frustração e isolamento. Há também um impacto causado pelas perdas de horas de trabalho, o absenteísmo. Tratamento O tratamento para a endometriose inclui medicações e, em alguns casos, um processo cirúrgico que tem como objetivo aliviar as dores fortes, impedir a evolução da doença e tentar restabelecer a fertilidade. O método mais indicado dependerá da extensão da doença, assim como da idade da paciente e de seus planos reprodutivos. “Apenas um médico pode indicar o melhor tratamento para cada caso”, destaca o presidente da SBE. “Como parlamentar, esposo, pai de uma filha e avô de uma neta, já compreendi que a endometriose é uma doença da mulher e que merece toda a nossa atenção, a atenção do poder público”. “O Estado tem a obrigação de cuidar da saúde e oferecer qualidade de vida às mulheres brasileiras”, ressalta o deputado. Segundo Roberto de Lucena, a Constituição Federal é clara, em seu artigo 196, quando destaca que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Dia Nacional Durante a audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família, o deputado apresentará, também, durante as discussões, a proposta de incluir, no calendário nacional, o dia 08 de maio como Dia Nacional da Endometriose. Entre os convidados para debater a endometriose, estão, além do presidente da SBE, ginecologista Maurício Abrão; o médico radiologista que desenvolveu o diagnóstico por imagem da endometriose, Manoel Orlando Gonçalves; o cirurgião coloretal Marcelo Averbach; a presidente do Instituto de Apoio às Portadoras de Endometriose IAPE, Claudia Vasconcelos; e o Ministro de Estado da Saúde, Alexandre Padilha. Fonte: UGT