Recuo da economia leva governo a rever projeção para o PIB.
Novas projeções apresentadas pelo Banco Central reforçaram avaliações internas do governo de que o crescimento da economia brasileira neste ano poderá ficar abaixo de 3,5%, taxa apresentada como piso pelo Ministério da Fazenda nesta semana. A atividade econômica recuou 0,53% em agosto, de acordo com o IBC-Br, indicador calculado pelo BC para prever a evolução do PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma dos bens e serviços produzidos no país. Economia recua em agosto em relação a julho, mostra indicador do BC Emprego na indústria paulista recua 0,62% em setembro, aponta Fiesp Mantega vê aceleração da atividade econômica no 4º trimestre Os números do BC coincidem com as avaliações que a equipe econômica tem feito, segundo a Folha apurou, mas contrariam o discurso oficial do governo e o desejo manifestado pela própria presidente Dilma Rousseff, que em setembro disse buscar uma expansão de 4% do PIB. No início da semana, o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou durante audiência no Congresso que o país poderá crescer de 3,5% a 4% neste ano. Os números do BC sugerem que ele foi otimista demais. Integrantes do governo disseram ontem que o esfriamento da economia abre espaço para "mais ousadia" na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, que se reunirá na semana que vem e deve promover um novo corte da taxa básica de juros da economia. O BC começou em agosto a reduzir os juros de forma agressiva, com o objetivo de evitar que a economia brasileira sofra muito com os efeitos da crise externa e cresça num ritmo muito lento. A instituição promete promover novos cortes até o fim do ano. A maioria dos analistas do mercado aposta num corte de pelo menos 0,5 ponto porcentual na semana que vem. A taxa básica de juros fixada pelo BC está em 12% hoje. Nas palavras de um importante interlocutor da presidente Dilma Rousseff, os novos números mostram que o BC estava certo ao decidir baixar os juros em agosto, apesar dos riscos que isso cria para o controle da inflação. Os números do BC aumentaram o pessimismo no mercado financeiro também. Alguns economistas preveem que o PIB poderá ter crescimento zero neste trimestre ou até mesmo sofrer contração. "O número em si não muda a leitura que o mundo dos negócios faz do Brasil", afirmou o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros. "Mas ele reforça a tese de que estamos crescendo um pouco abaixo do potencial." Os números do BC confirmam também outros sinais de desaceleração da economia, como a queda na produção industrial e nas vendas do varejo, disse o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, que recentemente reviu de 3,6% para 3,2% a projeção para o PIB em 2011. O cenário é desfavorável para a indústria principalmente por causa do aumento das importações e de exportações fracas em setores como calçados e vestuário. Fonte: Site; Jornal Folha de São Paulo, (14/10/2011).