Protesto de caminhoneiros é ampliado e já afeta agricultura e indústria

O protesto dos caminhoneiros ganhou força nesta terça-feira e se espalhou por diversos pontos do País. A interrupção de várias estradas alcançou 12 Estados, prejudicou a circulação de motoristas, fez fábricas pararem de funcionar e impediu o fornecimento de alimentos em centros de distribuição e supermercados. Com o fim das manifestações no Rio, 11 Estados mantiveram interdições durante a noite. 

Os manifestantes reivindicam redução no preço do diesel, aumento e tabela única para o frete, melhoria nas estradas, mudanças na Lei do Caminhoneiro e isenção de pedágio para os veículos com eixos suspensos.

Preocupado com as repercussões econômicas e políticas do movimento, o governo decidiu se reunir com as principais empresas e caminhoneiros. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, anunciou uma mesa de negociações para discutir o valor do frete.

Impactos. 

Em Minas Gerais, a interdição da rodovia Fernão Dias obrigou a unidade da Fiat a parar a produção por mais de 24 horas. A montadora funciona com linhas de montagem em sequência e foi afetada pelos bloqueios, deixando de receber peças utilizadas na produção. Os funcionários do turno da tarde e da noite de segunda-feira e dos três turnos de foram dispensados.

Até as 23 horas desta terça-feira, a Justiça havia determinado a liberação de rodovias bloqueadas em quatro Estados: Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul. Ficou definida ainda multa de R$ 50 mil ao Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), apontado como organizador do protesto, e de R$ 5 mil a cada motorista que descumprir a ordem. 

Em São Paulo, o movimento dos caminhoneiros fechou, no fim da manhã, a entrada do viaduto da Alemoa, na Via Anchieta, bloqueando o acesso ao Porto de Santos. A pista sul da rodovia foi interrompida no quilômetro 64. Houve congestionamento por cinco quilômetros. No Rio, comerciantes que trabalham na Ceasa-RJ relataram dificuldades no fornecimento de batata inglesa e cenoura para a região metropolitana.

No Sul, o movimento dos caminhoneiros afetou a produção de aves e suínos e provocou a falta de produtos nos supermercados do norte e noroeste do Paraná. Pães industrializados, verduras, tomate e leite de saquinho (in natura) desapareceram das redes de supermercados. Faltou alimento também em Santa Catarina. 

A JBS - uma das principais empresas produtoras de frangos e suínos - paralisou a produção de oito fábricas no País: quatro localizadas em Santa Catarina, duas no Paraná, uma no Rio Grande do Sul e uma em Mato Grosso do Sul.

A suspensão das atividades ocorreu um dia depois de a BRF ter paralisado a produção de dois frigoríficos localizados no Paraná por falta de matéria-prima, por conta dos protestos.

O movimento dos caminhoneiros também afetou a colheita de soja em Mato Grosso. O bloqueio deixou os produtores sem combustível para abastecer as colheitadeiras e impediu que os caminhões carregados com soja se deslocassem para os portos de Santos e de Santarém, no Pará.

Fonte:Estadão

(Emilly Andrade / FETRACOOP-PR)