Agronegócio no Paraná cresce na contramão da crise econômica nacional
A boa safra agrícola, o crescimento do setor de frango e o câmbio mais favorável estão impulsionando o setor agropecuário no Paraná, que caminha na contramão da crise econômica nacional.
Puxada pela soja, o Estado deve colher a maior safra de grãos da história e, com o real desvalorizado, o produtor rural tem obtido boa rentabilidade, mesmo com a queda nos preços internacionais das commodities agrícolas.
As projeções do setor são de que a agropecuária no Estado cresça até 4% em 2015, contra uma estimativa de um recuo da economia brasileira de até 1,27% nesse ano, de acordo com boletim Focus do Banco Central.
Na avaliação do secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, o agronegócio ajuda a dinamizar a economia paranaense. “É um setor que traz riqueza, que é responsável por 77% das exportações do Estado, que gera muito emprego e que passou por um salto tecnológico nas últimas décadas. Além disso, ele vem ajudando a minimizar os efeitos negativos de outros setores na balança comercial e de pagamentos do Estado”, afirma.
“O desempenho do campo destoa do restante da economia. A desvalorização do real ajudou a compensar a queda dos preços internacionais dos grãos e o clima vem ajudando, com safra cheia de soja e milho e boas perspectivas para o trigo”, diz Robson Mafioletti, analista da Gerência Técnica e Econômica do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
A agropecuária responde por 9% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todas as riquezas do Paraná. A participação sobe para 35% quando se considera toda a cadeia do agronegócio, que inclui a industrialização e outros serviços, como logística e transporte. Dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) mostram que a agropecuária registrou um crescimento de 5,9% no primeiro trimestre de 2015.
De acordo com o secretario estadual da Agricultura, graças ao peso do agronegócio na economia, o governo mantém uma série de programas de apoio ao campo, tanto na área de pesquisa e assistência técnica como da agricultura familiar. “Somado a esses projetos, temos um ousado programa de apoio financeiro para o setor, por meio do financiamento do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), da Fomento Paraná e do programa de incentivos Paraná Competitivo”, diz ele.
Carro-chefe da agricultura paranaense, a soja registrou uma safra recorde em 2015, com 16,9 milhões de toneladas, 16% acima da anterior, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
Junto com os bons desempenhos do milho e do trigo, a safra de grãos caminha para chegar a 37,7 milhões de toneladas, 5% superior à do ano passado. “Se confirmada, será a maior safra da história”, diz o economista Marcelo Garrido, chefe da Conjuntura Agropecuária do Deral.