Produção limitada de trigo perpetua dependência externa.

O Brasil tende a importar 200 mil toneladas de trigo a mais em 2011/12 na comparação com a safra anterior, conforme projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O dado mostra que a dependência de alimento importado se acentuou. As 5,9 milhões de toneladas importadas, principalmente de países vizinhos como Argentina, Paraguai e Uruguai, representam 57% do consumo. E mesmo importando mais, os estoques tendem a cair de 1,76 milhão para 1,16 milhão de toneladas. O quadro deve-se à da produção de 5,5 milhões, em 2010, para 5,1 milhões de toneladas na colheita atual, que está na reta final. Os números da Conab são considerados otimistas. De acordo com o relatório do Depar­­­tamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado na primeira quinzena deste mês, o Brasil vai importar 6,7 milhões de toneladas do cereal em 2011 para suprir o mercado interno, dimensionado em 10,5 milhões de toneladas. Ou seja, 63% do produto utilizado para o consumo doméstico, principalmente pela indústria de panificação, terão origem externa.

Competição
Tendência é de redução em 2012 A produção de trigo pode cair novamente em 2012 no Paraná, atualmente responsável por 47% da produção nacional. Os produtores estão plantando soja precoce para, em seguida, produzir milho de inverno nessas áreas. O quadro mostra clara preferência por este cereal, que voltou a ser considerado viável e ganhou área no verão. Pesam também as dúvidas em relação às novas regras que passarão a valer sobre a produção de trigo. A nova normativa de classificação comercial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem provocado discussões em todo o estado. Os produtores dizem que terão sua produção rebaixada na hora de entregá-la aos programas do governo ou aos moinhos e temem queda na arrecadação. “Eu estou com medo de continuar plantando com essa nova classificação. Se o meu trigo for considerado tipo 2 [hoje é tipo 1], a margem de lucro será muito pequena”, diz o produtor Jorge Nicolau. “O risco é muito grande.” Ele cultiva atualmente 55 hectares na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Na safra passada, a produtividade média foi de 5,6 mil quilos por hectare, superior à média de 3,5 quilos por hectare dos produtores da cooperativa Batavo, da qual faz parte.
O Paraná, maior produtor nacional, confirma redução na produção. Segundo dados da Secretária de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a colheita atual será de 2,3 milhões de toneladas, 31% menor que a do ano passado (3,4 milhões0 de t). O índice inicial da produção paranaense apontava 2,8 milhões. Porém, efeitos climáticos prejudicaram a produção, resultando na quebra de 17%. “O Paraná teve problemas com o excesso de chuvas. Além disso, o trigo perdeu espaço para o milho safrinha”, ressalta o analista técnico da Ocepar, Gilson Martins. Até o momento, dois terços da área cultivada no estado foram colhidos. A safra termina em meados de novembro. Expectativa positiva Produtores que adotam alta tecnologia provam que o trigo pode ser uma cultura viável. Bauke Dijkstra, de Ponta Grossa, região dos Campos Gerais, atingiu produtividade média de 4,8 mil quilos por hectare em 2010 e tende a repetir essa marca. “Foi a melhor produtividade que já obtive.” Ele produz trigo desde 1975, quando ajudava seu pai no campo. A produção tende a render R$ 2 mil por hectare, cobrindo os custos com folga entre 10% e 20% da renda.  Dijkstra começa a colher nesta semana, quando vai tirar a prova do impacto das chuvas das últimas semanas na lavoura. Fonte: Site; Gazeta do Povo, (25/10/2011).